Será alguém capaz de contrariar a força da Glassdrive-Q8-Anicolor?

2023-08-10

Será alguém capaz de contrariar a força da Glassdrive-Q8-Anicolor?

A “Grandíssima” começa hoje, com o prólogo de Viseu, e é difícil imaginar um vencedor que não seja da equipa aguedense, que tem tudo para voltar a triunfar. A dúvida é com que ciclista

Se nada de muito surpreendente acontecer, a Glassdrive-Q8-Anicolor vai ganhar a 84.ª Volta a Portugal, restando apenas saber qual dos seus ciclistas vestirá a amarela final, numa edição “ideal” para Frederico Figueiredo ser recompensado pelo “sacrifício” do ano passado.

Nada faria prever uma alteração de planos na equipa de Águeda, já que Mauricio Moreira, o campeão em título e “vice” do ano anterior, esteve irrepreensível durante grande parte da época e ainda há três semanas ganhou o Troféu Joaquim Agostinho, mas o diretor desportivo Rúben Pereira “desvendou” o segredo mais bem guardado da Glassdrive-Q8-Anicolor, notando, em entrevista à Lusa, que a vitória de Figueiredo seria benéfica para o ciclismo português, em horas “baixas” e ansioso por um novo ídolo.

É preciso recuar um ano para perceber este aparentemente incompreensível plano da formação mais forte do pelotão nacional, sobretudo numa edição marcada pelo regresso das bonificações: o uruguaio ganhou ao destronar “Fred” no contrarrelógio final, mas, quem viveu a Volta, não terá dúvidas de que o português poderia ter vencido facilmente, caso não tivesse aguardado pelo seu colega quando este viveu momentos difíceis nas montanhas.

A história repetiu-se e, tal como em 2021, quando “Mauri” perdeu a Volta para Amaro Antunes (entretanto desclassificado por doping) por meros 10 segundos, também na passada edição não foi o ciclista mais forte a levar para casa a amarela.

Guiar Moreira, de 28 anos, à vitória após os erros cometidos no ano anterior, era a obsessão da Glassdrive-Q8-Anicolor e do seu diretor, que agora terá o desejo de recompensar a dedicação do trepador de São João de Ver. A seu favor, o “vice” de 2022 e terceiro classificado de 2020 tem o facto de o contrarrelógio não ser plano, com a parte final do exercício que “encerra” a 84.ª edição, no próximo dia 20, a coincidir com os quatro quilómetros de subida ao alto de Santa Luzia.

Com o menor número de quilómetros “clássicos” de contrarrelógio no percurso que liga Viseu, onde a prova rainha do ciclismo nacional começa hoje, e Viana do Castelo, onde termina passados 1.600,5 quilómetros, a seu favor, Figueiredo tem este ano outro motivo de “preocupação”, uma vez que o campeão em título costuma intrometer-se até nas chegadas ao “sprint”, podendo somar preciosos segundos de bonificação.

O que é certo é que a verdadeira luta pela amarela ocorrerá dentro da Glassdrive-Q8-Anicolor, com o russo Artem Nych, imponente durante a temporada e outro especialista no “crono”, como Moreira, e a surpreendente contratação de James Whelan a poderem rivalizar com os seus mais credenciados colegas.

Não seria, pois, de estranhar que a formação “amarela” voltasse a ocupar os três primeiros lugares do pódio, até porque o “desertor” António Carvalho, o terceiro classificado em 2022 e agora líder da ABTF-Feirense, está a regressar de lesão, depois de ter partido a clavícula no início de julho.

Ainda assim, o ciclista de 33 anos afigura-se como o mais sério candidato a acompanhar os homens da Glassdrive-Q8-Anicolor na festa no alto de Santa Luzia, uma missão na qual será auxiliado por outro ex-companheiro de Moreira e companhia, o jovem Afonso Eulálio, um dos ciclistas em melhor forma nesta fase da época.

Outros candidatos

Já Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), perfeitamente anónimo durante a época, é uma aposta mais “arriscada” para o pódio, tal como Delio Fernández (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense) ou o seu colíder, o inexperiente (nestas andanças) Álvaro Trueba.

Pelo que fez durante a temporada, Joaquim Silva seria um claro candidato, mas o seu historial infeliz na Volta a Portugal leva a que seja Henrique Casimiro o homem mais protegido da Efapel. Será ainda difícil imaginar Vicente García de Mateos, terceiro em 2017 e 2018, na luta, com o próprio Aviludo-Louletano-Loulé Concelho a confiar em Jesus del Pino para a geral.

Resta saber o que farão as formações estrangeiras, a começar pelas quatro espanholas do segundo escalão, sobretudo a Euskaltel-Euskadi e Kern Pharma, que não receberam convite para a Volta a Espanha, e os austríacos da Voralberg.

Vozes

«Nós não saímos com um líder definido. Nós saímos com uma estratégia definida, e essa estratégia é ganhar a Glassdrive. Esse é sempre o nosso objetivo. E esta foi sempre a mensagem que eu passei. Nós não temos adversários internos. Os nossos adversários são as outras equipas. E nós iremos correr dessa forma muito agressiva. Para nós, é exatamente igual ganhar com o Artem, ganhar com o Mauricio, ganhar com o James. Se me perguntarem se o ciclismo precisa da vitória do Frederico, ou um português, precisa. E eu sei disso”

Rúben Pereira - Diretor Desportivo da Glassdrive-Q8-Anicolor

«Claro que temos o grande objetivo que é poder estar na discussão da Volta a Portugal e, ao estar na discussão da Volta a Portugal, claro que aspiramos a poder fazer pódio. O grande objetivo, com que sonham todas as equipas, é poder vencer a Volta. Mas, pronto, sendo mais realistas, eu penso que o pódio é perfeitamente possível»

Joaquim Andrade - Diretor Desportivo daABTF-Feirense

«Vamos com a ambição de tentar fazer algo muito positivo, mas não vamos com muitas ilusões e sabemos quais são as nossas limitações também. Não temos nenhum trepador puro, e a Volta a Portugal, este ano, pelo menos na última parte, é muito dura. Mas, como confiamos muito nos nossos corredores, penso que podemos ambicionar a lutar por um “top 10”»

Manuel Correia - Diretor Desportivo da Kelly-Simoldes-UDO

Conhece as etapas

Dia 9: Prólogo, Viseu - Viseu, 3,6 km (CRI).

Dia 10: 1.ª Etapa, Sangalhos (Anadia) - Ourém, 188,5 km.

Dia 11: 2.ª Etapa, Abrantes - Vila Franca de Xira, 177,3 km.

Dia 12: 3.ª Etapa, Sines - Loulé, 191,8 km.

Dia 13: 4.ª Etapa, Estremoz - Castelo Branco, 184,5 km.

Dia 14: 5.ª etapa, Mação - Torre (Covilhã), 184,3 km.

Dia 15: 6.ª Etapa, Penamacor -Guarda, 168,5 km.

Dia 16: Dia de Descanso.

Dia17: 7.ª Etapa, Torre de Moncorvo - Larouco (Montalegre), 162,6 km.

Dia 18: 8.ª Etapa, Boticas - Fafe, 146,7 km.

Dia 19: 9.ª Etapa, Paredes - Mondim de Basto (Senhora da Graça), 174,5 km.

Dia 20: 10.ª Etapa, Viana do Castelo - Viana do Castelo (Santa Luzia), 18,2 km.

«Gostava de ter a possibilidade de voltar a vencer»

Mauricio Moreira sente que já não tem de provar nada a si próprio, nem a ninguém, chegando à 84.ª Volta a Portugal em bicicleta mais tranquilo do que no ano passado e com vontade de defender o título.

«Este ano, o facto de chegar à Volta tendo ganho o [GP O] Jogo e o [Troféu Joaquim] Agostinho acho que me tira muita, muita pressão de cima, porque demonstrei a mim mesmo que, um ano depois, posso estar na disputa da geral das corridas. Por isso, acho que não tenho de demonstrar mais nada nem a mim próprio, nem a ninguém. E isso dá-me uma tranquilidade muito grande», assumiu o campeão em título da prova rainha do ciclismo nacional.

Em entrevista à agência Lusa, o uruguaio, de 28 anos, reconheceu que, depois de ter vencido a Volta do ano passado, encara esta edição «de uma maneira diferente, com mais calma». «Sei que fiz as coisas bem até agora, sei que chego em boa forma. Acredito e, se Deus quiser, tudo vai correr bem», declarou.

Embora tenha sentido «um bocadito» de ansiedade nos últimos dias, com a aproximação da Volta a Portugal, que arranca hoje, em Viseu, “Mauri” era, ontem, a imagem da serenidade antes de sair para um último treino com os seus companheiros da Glassdrive-Q8-Anicolor no Luso.

“É difícil tirar uma conclusão 100% certa, mas sei que estou em boa forma. Depois de ter ganho o Agostinho, continuei a treinar da mesma forma, continuei focado no objetivo, por isso, acredito que esteja em boa forma neste momento, mas também chego completamente tranquilo e descontraído», reiterou o ciclista que reconheceu, ainda, que «gostava de ter a possibilidade de voltar a vencer».

Notícia: Diário de Aveiro 

Foto: D.R.

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